13 de março de 2012

Especial | 2001: Uma Odisseia No Espaço


Nada mais digno do que 2001: Uma Odisseia no Espaço pra fechar o Especial de Stanley Kubrick. Digo desde já que esse vai ser um post incomum, não trata-se de análise, nem crítica (em termos), prefiro chamar de comentário especial. Ao ver 2001 e declarar que "entendeu" o filme em uma sacada só é quase que uma piada. Kubrick modelou o filme com a intenção consciente de que cada um tivesse sua própria interpretação da sequência de imagens, de que cada pessoa tivesse uma relação especial com o longa.

Feito em 1969 com um formato pra lá de diferente, A Odisseia inova em todos as categorias da sétima arte: roteiro, fotografia, efeitos especiais, roteiro adaptado, direção de arte, enfim, se alguma nova categoria for inventada, 2001 irá se ajustar a ela e preencherá todos os requisitos para ser campeã. O que sinto ao ver um filme como esse é que todos os outros filmes são caixas, caixas vazias e que esse, em especial, tem uma caixa por minuto e que essa caixa foi minunciosa e perfeitamente completada por Kubrick. O filme é rico nos sentidos.

O filme com pouquíssimas falas e muito conteúdo engloba temas como renascimento, vida, humanidade, valores, religião, velhice, relações e uma infinidade de assuntos criados pelo seu subconsciente e de todos que o vem. O elo do filme trata-se de um monólito, conta-se "a origem das espécies", um grupo de macacos, a descoberta da ferramenta, dos sentimentos e das vontades é representado sintetizadamente por um osso ao som da belíssima "Danúbio Azul", o osso é lançado ao ar e milênios se passam. Em um realidade distante da dos macacos, encontra-se a nave Discovery - comandada por uma máquina intitulada HAL - que abriga astronautas que têm como missão a investigação de um monólito que fora descoberto por geólogos na lua. Em um piscar de olhos o astronauta sobrevivente interpretado por Keir Dullea, viaja quebrando as barreiras do tempo e espaço e se vê num velhice que o destrói gentilmente, para que depois de a morte ele possa finalmente renascer. Renascer. Renascer é a palavra chave de 2001.

Produzido para gosto distinto, arrisco dizer que 2001: Uma Odisseia no Espaço é uma obra prima, não somente da sétima arte, como também da humanidade, o filme tornou-se parte da história do homem e exemplifica seu carácter, seu surgimento, seu suposto destino. "Com ampla repercussão, mas ainda único, friamente distanciado, obsessivo, pretensioso , confuso e para sempre fascinante", faço das palavras de Angela Errigo as minhas ao me referir ao filme. Para maiores explicações, recomendo ver o filme repetidas vezes, interpretar sem sentir medo de arriscar, para depois ler uma análise, não do filme em si, mas sim dos elementos que o constituem, a obra prima foi feita - só pode - para ser atual em qualquer época em que seja assistida, para ser impactante e principalmente, marcante em sua relação íntima com o telespectador.

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