11 de maio de 2012

Cinema Alternativo | Medo e Delírio em Las Vegas




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"I'm a Doctor of Journalism! This is important, goddammit! This is a fucking true story!''.
       

          Sinceramente, escolher uma citação para abrir esse texto foi sofrível. O filme é uma coletânea delas, uma mais incrivelmente genial e absurdamente demente do que a outra.
           
            Explico.
      ''Medo e Delírio em Las Vegas'' é baseado em um livro homônimo, escrito pelo precursor do Gonzo jornalismo Hunter S.Thompson. 







            And there goes a little background. 


Gonzo é um estilo de jornalismo no qual o jornalista esquece completamente qualquer objetividade e mergulha apaixonadamente no acontecimento e interfere nele. É espontâneo, subjetivo e parcial. O termo ''gonzo'' supostamente se refere a uma gíria irlandesa que designa '' o último homem de pé após uma maratona de bebedeira'' (fonte: Wikipédia).

            ''Medo e Delírio em Las Vegas'' é considerado o texto gonzo por excelência, Thompson escreveu-o baseado em experiências suas, tendo como protagonista o jornalista Raoul Duke, nada mais que uma representação do próprio autor.   O livro todo é contado em primeira pessoa.

De volta ao filme.

Seguindo o conceito do livro, o filme inteiro é narrado, em primeira pessoa, pelo protagonista, uma figura tão insana quanto o filme em si. Aliás, representada magistralmente por um dos mestres da insanidade cinematográfica atual, Johnny Depp.



A trama não é exatamente linear. O filme já começa na estrada (calma, já explico), mas a história começa com nosso anti-herói bêbado e drogado, junto de seu advogado samoano (Benicio Del Toro), perto da piscina de um hotel. De repente surge um anão de terno carregando um telefone cor de rosa e dizendo que o senhor Raoul Duke tinha uma ligação. Era trabalho, o jornalista deveria cobrir o Mint 400, uma corrida no deserto ao lado de Las Vegas.

Importante citar que o protagonista é um sobrevivente da década de 60. Um remanescente da cultura do ácido que vê nessa cobertura a chance de fazer ''Uma Jornada Selvagem ao Coração do Sonho Americano'' (por acaso, esse é o subtítulo do livro). Assim, jornalista e respectivo advogado alugam um conversível vermelho, enchem ele de drogas pesadas e bebida e pegam a estrada, rumo a Las Vegas.

 A insanidade da viagem é absurda. Eles vão a extremos inimagináveis e muita coisa acontece naqueles dias, sendo que uma das menos relevantes é a corrida. O filme é repleto de referências à cultura das drogas e a vida da época. Tudo é exagerado, caricato até, e os enquadramentos de câmera alimentam a ideia de insanidade, detonando a mente do espectador.

É, enfim, um filme estranho, que representa a estranheza de uma época. Representa o que sobrou de uma geração inteira, amante da liberdade extrema. E representa, por fim, uma mostra dos extremos que o homem pode alcançar.

Vale a pena para quem conhece um pouco da história e está disposto a mergulhar nesse mundo por 118 insanos minutos. Só há de se lamentar que o filme não tenha sido capaz de captar toda a essência do livro e deixa muita coisa mal explicada, tornando-se,  por vezes, um tanto cansativo. Ainda assim, rende várias risadas e muito no que pensar. Recomendo.

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