10 de agosto de 2012

Crítica | Queime Depois de Ler


Os irmãos Joel e Ethan Coen são conhecidos pelos seus filmes inteligentes, críticos e de sucesso entre os cineastas. Além de grandes diretores, os Coen fazem questão de escrever seus próprios roteiros e editar seus filmes. Após os sucessos como Sobre Meninos e Lobos e o aclamado pela Academia, Onde os Fracos não Tem Vez, os irmãos decidiram inovar e em 2008 lançaram a comédia sarcástica/de humor negro “Queime Antes de Ler”.
                O longa retrata a vida do birrento analista secreto, Osbourne Cox (John Malkovich) que após ser demitido, fica furioso e resolve escrever um livro de memórias, revelando os segredos de Estado, os quais foi obrigado a guardar esse tempo todo. Katie (Tilda Swinton) fica atônita com a demissão do marido e agiliza as preparações do divórcio, ao mesmo tempo em que pressiona seu amante, também agente federal – e casado – Harry (George Clooney) a se separar. Em outro contexto aparece Linda Litzke (Frances McDormand – esposa de Joel Coen),  funcionária de uma rede de academias, infeliz com seu corpo e decidida a fazer de tudo para conseguir as cinco cirurgias plásticas que deseja. As histórias paralelas se encontram quando o faxineiro da academia encontra um CD com arquivos confidenciais e o entrega para Linda e Chad (Brad Pitt), seu melhor amigo e professor da mesma academia. Os funcionários ligam para Cox pedindo dinheiro em troca do CD.
                Se você está procurando um filme de rolar de rir para se assistir no final de semana, devo dizer de início que a comédia inteligente dos Irmãos Coen não será a melhor opção. O filme é recheado de crítica à sociedade americana e até mesmo aos filmes de espiões, ridicularizando o próprio sistema secreto dos EUA. Em outras palavras eu poderia reescrever Quadrilha de Drummond: Katie espionava Cox, que espionava Harry, que espionava o governo, que espionava Linda, que não espionava ninguém. Entenderam? Se não houve entendimento, está tudo bem, quando o filme é totalmente compreendido quer dizer que quem o fez não teve sucesso na sua produção.
                A ridicularização dos filmes de espionagem vem com o fato de que os Coen mostram que os espiões não são caras bonitões, rondado de mulheres e idolatrados. Mas sim caras cornos, que perdem o emprego, que recebem ligações “engano” no seu número para assuntos secretos (como Osbourne Cox), ele os retrata como pessoas normais e não super heróis. Outra parte “sarcástica” do filme é o misterioso mecanismo que o agente federal, Harry, vem construindo em seu sótão... O objeto era na verdade um “brinquedinho erótico” e não algo que vá fazer diferença no sistema secreto nacional.
            Além de questionar a espionagem e a falta de confiança, é discutida também a futilidade. Linda Litzke é capaz de fazer qualquer coisa (até mesmo  oferecer suas descobertas confidenciais à embaixada russa e colocar seu melhor amigo, Chad, em risco), tudo para conseguir o dinheiro para suas cirurgias plásticas. A beleza é colocada acima de tudo, o desejo de ser bela e atingir o corpo perfeito a cega a ponto de se meter em uma encrenca enorme.
                O que se destaca nessa comédia irônica é o elenco que traz grandes nomes de Hollywood. E os atores fizeram jus às suas respectivas famas, Clooney e Pitt têm atuações notáveis. Recomendo o filme para quem tá com vontade de uma comédia sarcástica e reflexiva, os Irmãos Coen não costumam decepcionar.

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