2 de julho de 2013

Crítica | The Bling Ring

“Um filme que não poderia ser feito 10 anos atrás”. Sofia Coppola não poderia estar mais correta nessa frase. Fugindo um pouco de sua característica existencialista, presente nos filmes “Encontros e Desencontros” e “Um Lugar Qualquer”, a diretora ataca o culto às celebridades e a criação de ilusões e desejos por parte da mídia norte-americana sensacionalista, através do filme “The Bling Ring”, que possui Emma Watson (Harry Potter e The Perks of Being a Walflower) no elenco.

O título do filme é óbvio, já que Bling Ring foi o nome dado pela mídia estadunidense à gangue de jovens que roubava as mansões das celebridades em Los Angeles. Sim, a história é baseada em fatos reais e chegou aos ouvidos e olhos de Coppola através de um artigo publicado na Vanity Fair em 2010, pela jornalista Nancy Jo Sales, que foi intitulado como “Os Suspeitos Usavam Louboutins”. Interessada pela história, a diretora começou sua caça pelos cinco atores que iriam compor a ‘gangue’. Primeiramente, a vontade de Coppola era ter apenas atores desconhecidos, para mostrar o contraste com os personagens reais que conseguiram fugir do anônimato. Contudo, decidiu aceitar Watson (Nicky) no elenco, que apesar de mostrar no trailer, não é o centro das atrações. Quem comanda as cenas e também a quadrilha de jovens bem sucedidos é a novata Katie Chang (Rebecca), que assim como Scarlett Johansson consegue fazer uma faísca virar um incêndio em cada momento que aparece.

Além de Watson, que precisou perder o sotaque britânico para interpretar sua personagem, Israel Broussard (Mark) também precisou adentrar no mundo da moda e entender o lifestyle de Los Angeles – para isso os atores tiveram ajuda de Claire Julien (Chloe), que também compoe o elenco e é natural da cidade.

Apesar do longa demorar para engrenar em seus primeiros vinte minutos, ele mostra para o que veio incorporando a estética das redes sociais e reality shows, jorrando freneticamente imagens de celebridades, fotos em redes sociais – o que também remonta a velocidade que as informações são transmitidas na internet – vídeos do TMZ. A contemporâneidade e o espírito livre dos jovens também é remontado na linguagem solta e cheia de expressões – compostas na sua maioria pela palavra ‘bitch’ (vadia em inglês).



Para os olhares menos apurados, “The Bling Ring” pode parecer um filme fútil e até mesmo desnecessário. Contudo a crítica sutíl e lúcida de Coppola sobre o mundo das celebridades e como a juventude é manipulada pelo falso glamour e as festas de Hollywood, transborda pela tela do cinema e mostra com fatos, e o olhar perdido de Mark após a sentença, quão suja e sem sentido é a vida hollywoodiana.


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